ARTESÃOS DE LOULÉ
Exposição

O Loulé Design Lab desafiou os residentes da sua comunidade criativa e os artesãos da rede de oficinas do Loulé Criativo a formarem duplas colaborativas, com o objetivo de desenvolverem um novo produto dentro do universo de trabalho de cada artesão. A partir daqui gerou-se o diálogo, discutiram-se ideias e construiu-se uma cumplicidade criativa. Na sequência deste processo de escuta ativa, o designer colocou as suas propostas a discussão, seguindo-se um processo de desenvolvimento conjunto, onde a flexibilidade e disponibilidade mútua gerou resultados surpreendentes.

Os objetos são agora pertença dos artesãos e serão vendidos nos seus circuitos habituais, sendo que as margens para alterações aos mesmos foram definidas com o designer. Este feliz encontro de diferentes gerações e origens foi enriquecedor para todos. Renovam-se os saberes e encontram-se novas possibilidades para a construção da contemporaneidade e do futuro das artes tradicionais. É esta a ação do Loulé Criativo.

1ª Apresentação

9º ALGARVE DESIGN MEETING
21 a 25 Maio, 2019
Fábrica da Cerveja, Faro
1ºPiso

2ª Apresentação

Palácio Gama Lobo
Rua N. Sra. de Fátima
8100-557 Loulé

Horário:
Até 30 Setembro, 2019
Terça a Sexta, 10h às 17h
Sábados, 10h às 15h

Entrada Livre

DEGRADÊ

Com tampa ou sem tampa, esta mala de ombro de formato retangular é muito funcional, será facilmente apreciada pelo público, e permite auto-suficiência na produção. A mancha gradual verde atravessa a palma branca em intervalos irregulares, tornando a criação de cada peça livre e única.
Técnicas: empreita de palma, baracinha, estampa e degradê de palma tingida.
Materiais usados: palma, corantes de tingimento para palma.

Maria Odete Rocha

N. 1955, Loulé
Desde os seus 7 anos exclusivamente
dedicada à empreita.

Sandra Louro

N. 1976, Faro
Designer de Equipamento – FBAUL

Catarina Guerreiro

N. 1985, Loulé
Designer de Comunicação – FBAUL

REQUINTE QUOTIDIANO

Caixas em empreita para guardanapos ou para panos do pó
O luxo de ser o próprio a cuidar da sua casa, como da própria alma, incita o recurso a materiais naturais e a técnicas artesanais que ressoem com uma busca interior de sustentabilidade. A fina palma é realçada sem cor, o retangular é versátil para arrumar, os tecidos são reutilizados e carimbados com um cunho inspirado na artesã jovem. Que cada peça comunique 54 anos de empreita mais 30 de limpezas. Materiais: empreita em palma fina, fita em tecido carimbado, botão e panos reutilizados.

Maria Valentina Silva

N. 1954, Boliqueime. Faz empreita
desde os 11 anos de idade.

Sofia Correia

N. Lisboa
Arquiteta – FA.ULisboa

CALÇAS “EMPREITADAS”

Era uma vez umas calças de ganga já usadas, cansadas e gastas. Certo dia, encontraram umas Palmas a caminho de uma “empreita”, depressa fizeram amizade e juntaram-se no mesmo caminho. Quis o destino, que umas mãos habilidosas as encontrassem juntas, e rapidamente as transformassem numa coleção de bolsas e bolsinhas, novinhas e vivaças, prontas para uma nova vida.
Materiais: palma, ganga e serapilheira.

Maria Cremilde Lourenço

N. 1941, Palmeiros, Salir. Trabalhou
em costura e faz Empreita desde 1991.

Verónica Guerreiro

N. 1974, Querença.
Designer de Produto – FA.ULisboa

VASOS DE PALMA

Embora sob a dúvida se a palma conseguiria ou não sustentar o peso de um vaso, Margarida e Jorge não hesitaram em deitar as suas mãos seguras e experientes ao desafio. Curioso neste projeto foi o facto de o material não se deixar moldar facilmente, pelo contrário, foi a palma que nos conduziu até ao resultado final. Técnicas: baracinha e malha de palma. Materiais: palma e barro vermelho

Maria Margarida Cortez Ferreira

N. 1946, Loulé. Emigrante em França durante 45 anos, regressou a Portugal já reformada para reencontrar a empreita.

Jorge dos Santos

N. 1945, Loulé. Trabalhava na Construção Civil. Ajuda a sua esposa na empreita, que aprendeu com a sua mãe.

Ana Hermenegildo

N. 1992, Caldas da Rainha
Designer Industrial – ESAD.CR
Estágio Curricular no Loulé Design Lab

CAIXAS

Numa tentativa de repensar a funcionalidade de algumas das peças mais tradicionais na empreita, como a Balsa (um tipo de bolsa usada pelos pastores para levar almoço e pertences pessoais para o campo), simplificamos estas peças com a introdução de formas geométricas e a adição de pequenos detalhes em cabedal. O resultado são três objetos que chamamos de Caixas e que se adaptam à vida moderna na sua multifuncionalidade. Materiais: empreita (palma), cabedal, cordão de couro.

Maria Duartina Mendes

N. 1940, Monte Seco, São Sebastião. Trabalhou no campo e faz empreita
desde os 8 anos de idade.

João Carrilho

N. 1975, Lisboa. MA Communication Art & Design, Royal College of Art, London.

OITO

Numa primeira fase, e seguindo as linhas orientadores deste desafio, comecei por tentar perceber a técnica da D. Alzira, conhecer as suas peças e os artefactos que gosta de construir. A parceria foi progredindo, surgiram diversas ideias, mas optámos pelo conceito mais invulgar. Nasceu assim, das mãos da Dona Alzira, o “oito”, um saco de empreita que permite separar o que transportamos nas duas divisórias que contém. Materiais: empreita e tecido de linho (alça).

Alzira Maria Neves

N. 1944, Boliqueime. Trabalhou na agricultura e na empreita desde os 18 anos de idade.

Pedro Ramalhete

N. 1972, Lisboa.
Doutorado em Design – Univ. Aveiro.

Uma LEVE viagem

A sustentável LEVEza do ser, onde os tempos mudam e avançam, mas a vontade de viajar persiste. A linha LEVE é desenvolvida de uma forma artesanal e aplicada apenas em veículos ecológicos.
Materiais: Palma e trapilho com a técnica da baracinha e da malha de empreita.

Lurdes Malveira Costa

N. 1966, Castro Verde. Trabalhou em diversos setores. Em 2014 recomeçou a fazer Empreita, a qual tinha aprendido a fazer aos 12 anos de idade.

Fernando Madeira

N. 1975, Bairro, Vila Nova de Famalicão
Designer de Comunicação – UAlg

IGNÁTIA

D. Inácia é mestre na técnica das tranças repassadas (sobrepostas e costuradas no rebordo) e faz questão de ser ela a pigmentar as folhas com matizes de cor muito particulares. Surgiu-nos a ideia de entrelaçar as tranças alternadamente, descobrindo outro modo de formar superfícies de palma, sem recurso à costura, e minimizando tempo, material e recursos. Produzimos assim um “pano” de empreita, bicolor, contínuo e moldável, apto, por inteiro, a formar uma bolsa – claramente um dos objetos preferidos da D. Inácia. Materiais: palma enxofrada com pigmento.

Inácia Coelho

N. 1934, Águas Frias, Alte. Trabalhou no campo e em casa, e quando casou, começou
a fazer empreita para revenda.

Sandra Neto

N. 1973, Loulé. Arquiteta – FA.ULisboa. Doutoramento em Arquitectura – UBI

KATHAPLANO PUFF

Este puff foi desenhado a pensar na forma mais fácil de aproveitar os desperdícios resultantes da preparação das folhas de palma. É um objeto versátil, permite ser usado em conjunto ou separado e mimetiza a forma da tradicional cataplana Algarvia.
Técnicas: Empreita de palma entrançada, baracinha de palma, malha de palma, marcenaria e técnica de preservação em resina.

Maria Odete Dias

N. 1941, Campina de Boliqueime. Começou a trabalhar aos 15 anos em costura e empreita. Emigrou para França, e de regresso a Portugal recomeçou a fazer empreita.

Eurico Brito

N. 1982, Loulé
Artista / Artesão

ANAISA

Inspirada na rebeldia, juventude e irreverência, mas também na rara sensibilidade de Anaisa, uma bela e doce menina, esta artesã desenvolveu esta linha de colares, brincos, pulseiras, sob o olhar atento e conhecedor de Sílvia Rodrigues. Materiais: palma, peças metálicas.

Ludovina Bota

N. 1970, França. Trabalha num supermercado e faz empreita nos tempos livres.

Sílvia Rodrigues

N. 1981, Querença
Designer de Comunicação – UAlg

A REMANESCENTE COCA

O inesperado surgiu em conversa entre os intervenientes deste projeto. Ao sabor do tempo e do vento, falou-se da infância e dos intemporais requisitos trazidos pelo coração. Com o propósito de preservar velhas tradições, o conseguido deu consistência real ao pretendido. E da troca de ideias livres e espontâneas, nasceu a capa de pastor com capuz e o bloco de notas adequado ao pastoreio – sendo este também, como muitos, um artista. Materiais dos blocos: Madeira reutilizada, cabedal vegan, papel, ferro. Técnicas do capote: empreita de 13 ramais, simples e ripado.

Maria Almerinda Miguel

N. 1943, Boliqueime. Em jovem aprendeu a fazer empreita para vender a comerciantes. Em 2000, já reformada, retomou esta atividade.

Paulo Tomé

N. 1964, Faro. Artista

DONA TACHA, SENHOR TRAVESSO

Uma chapa de cobre pode transformar-se numa imensidão de recipientes, ao gosto e saber do Sr. Analide. Enquanto designer, um processo de concepção é tanto mais rico quanto nos obriga a trabalhar segundo novos paradigmas (e, sem dúvida, foi este o caso). Quando ainda se junta o descobrimento mútuo de uma empatia pessoal, de facto, o desafio está ganho. Material: cobre. Técnica: chapa batida. Interior da panela, estanhado.

Analide Carmo

N. 1948, São Clemente. Caldeireiro dos 12 aos 26 anos. Após vários anos a trabalhar na Cimpor, retomou esta atividade em 2016, já reformado.

Ana Rita Contente

N. 1975, Santarém
Designer – FA.ULisboa
Mestrado Artes Visuais – UÉvora

REQUINTE QUOTIDIANO

Prateleira de especiarias em cobre
O luxo de ser o próprio a cuidar da sua casa como da própria alma, incita o recurso a materiais naturais e a técnicas artesanais que ressoem com uma busca interior de sustentabilidade. Esta prateleira é um detalhe arquitectónico para a cozinha em folha de cobre dobrada e textura da escolha do artesão. Foi projetada para minimizar o desperdício, optimizar a produção e eleger as técnicas preferidas. Materiais e técnica: 0,8mm cobre, dobrado e levemente polido.

Jürgen Cramer

N. 1954, Alemanha. Trabalhou na Alemanha como Engº Mecânico. Em Portugal, trabalha como caldeireiro desde 2016.

Christopher Whitelaw

N. Augusta, Georgia (EUA). Master of Architecture from Columbia University in the City of New York, Graduate School of Architecture Planning & Preservation

COLARES E POMARES

O bater do cobre, o recorte e a perícia de quem manuseia a arte da caldeiraria até ao mais pequeno detalhe. Somos transportados para os tradicionais pomares de sequeiro, amendoeiras, figueiras, alfarrobeiras. Das mãos hábeis e espírito inventivo do David saíram amêndoas, figos e folhas, que conjugaram o design e o saber fazer em brincos, pulseiras e colares, que dão ares aos pomares.

David Ganhão Cabrita

N. 1974, Santa Margarida, Alte. Trabalha em carpintaria e caldeiraria desde 2016.

Andreia Pintassilgo

N. 1975, Loulé.
Designer de Comunicação – ESTG Portalegre. Pós-Graduada em Comunicação Comercial e Marketing – INUAF. Frequenta o Mestrado de Design de Comunicação para o Turismo e Cultura – UAlg.

ALQUIMIA ORGÂNICA

Aqui, tudo é natural! Através de um processo de impressão botânica com argila, as folhas e outros elementos naturais, recolhidos nas proximidades, ficam incorporados para sempre nas peças de cerâmica. As duas artistas conjugaram a larga experiência e investigação nas áreas da impressão botânica e da cerâmica. Materiais: folhas e plantas naturais, argila, cerâmica. Técnica: preparação de fixativo natural, aplicação de plantas, e cozer de novo as peças de cerâmica, desta vez, ao vapor, envolvidas com um pano.

Bernadette Martins

N. 1971, França. Foi assistente de guarda-roupa em cinema e televisão. É ceramista desde 2004.

Ortiz Manoli

N. 1968, Bélgica. Artista

TIGELAS DO ALGARVE

Desenvolvidas por José Machado Pires, as Tigelas do Algarve conjugam o artesanato tradicional e o contemporâneo. Inspiradas na dualidade litoral/interior Algarvio, as Tigelas foram criadas a partir de motivos marítimos (conchas) e alusivos à serra (flor de esteva). Esta dualidade reflete tambem o carácter único de cada peça e a forma como se podem relacionar num só elemento. Técnica: manufacturadas através de um processo de modelação escultórica a partir de uma mistura de barros diversos. Por fim foram submetidas a uma monocozedura num forno eléctrico a 1020 graus.

José Machado Pires

N. 1965, Paris. Leccionou Matemática e é ceramista desde 1991.

Razvan Crestin

N. 1992, Romenia. Escultor – FBAUL